Naquele bar...

Vou contar um episódio que ocorreu comigo em um encontro de amigos em um bar. Espero que os envolvidos não fiquem chateados comigo: minha intenção não é denegrir ninguém, nem ao menos julgar. Apenas preciso relatar o ocorrido, como forma de tirar um pouco do peso e da tristeza que senti. Desculpem-me.
Estavamos em um bar, alguns amigos e eu, conversando sobre assuntos diversos. Um deles (a quem eu muito admiro e gosto) pediu uma cerveja servida em um copo diferente, especial até. Notei que cada vez que o garçom vinha servi-lo, despejava todo o conteúdo da garrafa no copo de meu amigo e ao final, talvez como forma de aproveitar o resto da bebida que ainda sobrava no fundo da garrafa, fazia movimentos circulares com a mesma, despejando o que faltava (espuma em sua maior parte). Isto se reperiu outras vezes, enquanto conversávamos. Em determinado momento, meu amigo perguntou ao garçom porque ele fazia aquilo, que seu "procedimento" estava errado, e "quem o havia treinado". Em sua simplicidade, o garçom tentou explicar que fazia o mesmo para aproveitar melhor a bebida. Meu amigo, inconformado com aquela atitude, disse tratar de coisa errada, que não era assim que se deveria fazer. O garçom foi embora, e a coisa ficou por isto mesmo. Meu amigo em nenhum momento foi mal educado ou mesmo grosso com o garçom. Não foi questão de humilhação.Mas, então talvez que me lê pergunte,"e daí?". Daí que aquilo me deixou muito triste por dois motivos: um por ser o autor meu querido amigo que eu não via a muito tempo e quem eu tenho admiração e segundo pela atitude em minha opinião desnecessária e, desculpe-me amigo, prepotente. Posso estar parecendo reagir a este fato de uma maneira muito exacerbada, mas eu mesmo me peguei muito chateado com o fato, muito mais do que eu esperava. Achei que o meu amigo, por já ter sido barman saberia como ninguém observar as dificuldades desta profissão. Servir os outros não é fácil! E normalmente quem o faz é por pura necessidade. Não quero julgar, ou mesmo ditar algum padrão de comportamento, mas acho que chamar a atenção do garçom daquela forma não cabia naquele momento. Especialmente, por se tratar de um momento de descontração e pelo motivo ser uma cerveja.Desculpe-me novamente amigo, mas doeu ver uma pessoa tão culta, esclarecida, com um comportamento tão afetado. Todos mudam. Eu, como você sabe, não tinha coragem de disser o que me passava pela mente. Hoje isto mudou. Corro o risco de perder a nossa amizade de tanto anos. Mas não posso ficar com esta sensação ruim dentro de mim. Meu amigo, acho que nunca devemos perder nossa noção de humildade, especialmente com aqueles que nos servem, com as pessoas humildes. E nunca devemos julgar as razões pelas quais elas são ou se encontram desta ou daquela maneira. Devemos, sim buscar a todo custo sermos compassivos e compreender a condição humana, tão frágil e sujeita as misérias deste mundo. Novamente, peço desculpas pela sinceridade. Não gostei de sua atitude. Sei que este desabafo não vai mudar sua forma de ver a vida, nem esta é minha intenção. Mas como amigo, não posso ficar calado.Perdoe a minha sinceridade e obrigado pela lição que você me proporcionou.Lembrou Cristo, na ocasião da Santa Ceia, quando ao lavar os pés de seus discipulos, disse: "16Em verdade, em verdade vos digo: o servo não é maior do que o seu Senhor, nem o enviado é maior do que aquele que o enviou. 17Se compreenderdes estas coisas, sereis felizes, sob condição de as praticardes. "

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