Biscoito frito e afeto

Quando eu me casei, ganhei da minha esposa um presente maravilhoso: uma família numerosa e nove sobrinhos. Digo maravilhoso pois eu nunca tive uma experiência tão grande de afeto (mesmo nos momentos de brigas) como a que eu tenho nesta minha nova família. Apesar da morarmos em lugares bem distantes (Minas e Goiás), todas as vezes que nos encontramos é sempre uma festa.Lembro sempre com muito carinho das reuniões na fazenda do meu sogro, sejam nos feriados ou em nossas férias, onde apenas a reunião dos meus dois cunhados e duas cunhadas e respectivas famílias, já é uma deliciosa "muvuca", especialmente quanto assamos carne de vaca e comemos salada de guariroba. Porém, em especial eu gostaria de falar de uma senhora que eu admiro, tia da minha esposa, que mora em Minas (Uberlândia). Tenho um carinho especial por ela, não somente por ter sido ela uma das primeiras pessoas da família que eu conheci quando comecei a namorar minha esposa, mas também pelo afeto que ela sempre me recebeu em sua casa. Também a admiro muito, pois sua vida não foi fácil. Nascida no interior de Minas Gerais, filha de pais lavradores, casou-se e após algum tempo mudou-se para o sudoeste do estado de Goiás, numa época em que essa região era quase selvagem e o preparo da terra era praticamente manual. Lutou muito, juntamente com seu marido, na lida da terra. Teve seis filhos e brigou muito com a vida para cria-los da melhor forma possível, apesar das grandes dificuldades que enfrentava. Dificuldades estas que forçaram ela e o marido a venderem suas terras e mudarem para Minas Gerais, onde com o dinheiro obtido construiram sua casa e algumas casas de aluguel para obter alguma renda. Em todos estas anos ela enfrentou e ainda enfrenta muitas dificuldades, como mãe sofrendo com as decepções, derrotas, erros e agruras de seus filhos, mas também se alegrando muito com as conquistas deles, com seus netos e sobrinhos. Recentemente, seu marido faleceu, o que a deixou muito triste com perda de seu companheiro de mais de 40 anos de vida. Sofreu com a prisão de um filho seu, que felizmente após 6 meses e muito esforço, foi solto. Eu a admiro por ter passado por tudo isto e nunca ter abandonado a Deus (que eu tenho certeza nunca a abandonou) e nunca ter endurecido, sempre sendo doce, porém forte. Da última vez que estive em sua casa, ela nos recebeu com todo seu afeto, café caipira e com biscoito frito (o qual tenho de me controlar para não comer alguns quilos). Gostaria de ter melhores palavras para agradecer todo o carinho que ela me deu nestes oito anos que eu já a conheço, mas apenas posso dizer: Tia Estelita, te amo. Deus te proteja.

Comentários

Postagens mais visitadas